quinta-feira, 2 de junho de 2011

E é tão bom não ser divina...


"Alegria do pecado às vezes toma conta de mim. E é tão bom não ser divina. (...) E eu gosto de estar na Terra cada vez mais. (...) Perfeição demais me agita os instintos. Quem se diz muito perfeito, na certa, encontrou um jeito insosso, pra não ser de carne e osso..."

Ontem me reuni com amigas muito queridas. Não deu pra botar todo o papo em dia, nem sobrou tempo pra falar da vida alheia, mas nossa pauta foi bem ampla. Falamos da falta que a gente sente uma da outra e de temas corriqueiros como a correria da vida, trabalho, dinheiro, namorados, filhos e, pra variar um pouco, sobre rugas, cabelo, pele, estria, celulite e otras cositas afins.

Eis que me pergunto: será que um dia vamos aceitar que somos feitas de carne, osso, e também de pêlos, veias, poros, etc.? Até quando vamos continuar na onda "photoshop", tentando limpar nossas imperfeições tão, mas tão inevitáveis?

Queremos esconder que somos humanas? Que somos perecíveis? Pra quê, se não podemos esconder por muito tempo? Já inventamos altas gambiarras: tinta pro cabelo branco, cêra pra depilar, laser, aplicações, massagens, peeling, botox... Pra quê? É como enxugar gelo!

Ok, podemos driblar algumas de nossas humanidades por algum tempo, mas a Medicina ainda não inventou nada, nem paliativos, contra o passar dos anos, nem contra a morte. Infelizmente, nós ainda não demos conta desse probleminha.

Enfim, tem gente que prefere morrer jovem e bonita. Mas aposto que existe alguma mulher que descobriu outra forma de lidar com isso...

Ficar mais esperta com a indústria da beleza, que vive às nossas custas, enquanto estamos cada vez mais escravas e neuróticas, seria talvez um bom começo. Ter auto-estima e cuidar da saúde, independente do padrão de beleza imposto pela tal indústria (através da TV, revistas, propagandas...) talvez seja uma boa idéia também.

De qualquer forma, se existe mulher que não tá nem aí pra esse tema tão recorrente nas rodas femininas, a Ciência deve estudá-la. Porque, assim como o osso, a carne e a pele porosa, parece que a insatisfação também faz parte da nossa natureza. Se a evolução não tivesse arrancado nossos pêlos, não ligaríamos pras varizes e estrias, mas com certeza inventaríamos outros problemas...

3 comentários:

  1. Ás vezes pode ser que essa busca seja como uma fuga de si mesmo. Talvez pareça mais fácil passar a vida perseguindo um ideal que na verdade a gente sabe que nunca vai alcançar, já que quando fazemos aquela massagem mais elaborada o cabelo parece que fica de mau humor e se rebela com vida própria, do que se aceitar. Se aceitar pode ser difícil pra alguns e pode se parecer também com algum tipo de fim, enquanto poderia ser só o começo de uma vida mais tranquila.

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  2. Buscar esse ideal também é um passatempo. É legal saber brincar com isso.
    Estar num dia a fim de parecer mulherão e utilizar os recursos pra isso, unhas, cabelo, enfim. As mulheres têm muito mais recursos pra brincar e se distrair com o modo como se apresentam pra si e pros outros. O problema é quando a aparência vira uma forma de submissão e não de criatividade.
    Quem não sentiria certa pressão ao dizer ao namorado que quer cortar o cabelo curtinho, ou que está pensando em aderir ao estilo hippie e deixar crescer umas madeixas no suvaco? Não que essa pressão seja necessariamente submissão, a questão é que as mulheres estão ligadas a um ideal de feminilidade e no pior dos casos de perfeição (ou simplesmente asseio, diriam alguns), que está na cabeça dos homens e na nossa também, é claro. Legal seria a gente experimentar e entender até que ponto quer se livrar disso e ter controle criativo sobre a imagem que projetamos pra dentro e pra fora.

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  3. Eu comecei a lidar melhor com esse negócio de vaidade há pouco tempo, quer dizer, a entrar mais nessa onda photoshop ou criativa, a ser mais consumista dessa indústria. Acho q pq tb comecei a ganhar meu dinheiro e virei consumidora ativa... É legal brincar de se enfeitar, de mudar... Mas temos que ter consciência, não ser apenas fantoches da moda ou das convenções.. E aprender a aceitar melhor o nosso corpo, a se achar bonita sem ser perfeitas.. Ah! Vc quer ser colaboradora do meu blog? rsrs...

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