terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Ciência ética


Existe um pensamento comum de que nada poderia barrar o “progresso científico”. Chama-se de atraso quando tentamos ponderar as invençoes tecnológicas, refletindo sobre suas consequências na sociedade/ natureza. Para mim, esse é o pensamento atrasado.

Somos responsáveis por tudo que criamos, mas queremos passar a nossa responsabilidade para o grande deus, o “Progresso”. Tudo em nome dele. Onde chegamos com essa lógica? Muitos poderao dizer: tudo tem seu preço, os fins justificam os meios. Será? Será mesmo que o caminho que a gente percorreu foi uma etapa necessária para um estado mais evoluído? Evoluído em que sentido?

A nossa capacidade de criar nao é boa em si. Brincar de criar, seja para trazer a justiça, ou para trazer injustiça, para melhorar a qualidade de vida, ou para matar, é igualmente legítimo? Pensar assim é pensar de forma completamente irresponsável e burra.

A ciência deve servir à Humanidade. Ou seja, ela nao está acima dos homens, e nao deve ser pensada em prol de alguns em detrimento de outros. E, lógico, uma ciência ética é também uma ciência ecológica, pois os homens sao parte da natureza.

Autotélica?


Nesse semestre aprendi pelo menos duas palavrinhas novas: vicissitude e autotélico. A primeira parece ser algo ruim, mas nem é. Significa apenas mudança. E a segunda...

A brincadeira, por exemplo, tem um caráter autotélico. Ou seja, nao se brinca para alcançar algo depois, brinca-se por brincar. A brincadeira tem um fim em si mesma, ao contrário de uma tarefa da escola, que é feita para se alcançar algo, que a criança muitas vezes nem imagina o quê.

Pensando nisso, descobri outra coisa que, para mim, tem um caráter autotélico: a vida. Ela nao é um meio, pelo qual se “paga” pela “vida anterior” ou no qual preparamos as nossas “próximas vidas” ou nosso “lugar no paraíso”. Nao é consequência, nem causa. Vivemos por viver, como na brincadeira.

Quando comparo a vida com a brincadeira, nao quero dizer que tem alguém jogando com a gente (um Deus) e que somos apenas peças. Quem brinca somos nós, apenas por brincar. Brincando, em alguns momentos perdemos, outros ganhamos, choramos, nos divertimos, fazemos parcerias, seguimos regras, assim como as desrespeitamos... Na brincadeira, uns saem para outros entrarem.

E o jogo continua...

(Junho de 2009)