Nina, minha
filha de quase 5 anos, adora um “e se…”. “E se todos os personagens de todos os
desenhos e filmes aparecessem aqui na nossa casa?” “E se a casa fosse toda
feita de doce, que parte da casa você ia comer?” “E se eu fosse filha do vovô e
vovó, quem iam ser meus avós?” “E se…”
Testar
possibilidades usando a imaginação é uma capacidade que deveríamos desenvolver
nos nossos filhos e na gente mesmo…
E se o nosso
mundo fosse justo? E se cuidássemos uns dos outros? E se tivesse trabalho para
todos e todos pudessem trabalhar menos e ter mais tempo para curtir, brincar,
estar com o outro? E se não houvesse fronteiras entre países? E se os povos
cooperassem uns com os outros ao invés de tentarem dominar, explorar e
competir? E se a vida de cada ser humano tivesse o mesmo valor? E se todos
pudessem ter uma terra pra plantar e uma casa pra morar? E se as pessoas e os
povos conseguissem resolver os seus conflitos com respeito? E se as pessoas não
tentassem impor a sua verdade ao outro? E se o ser humano se visse como parte
da natureza? E se não houvesse pobreza? E se não houvesse ganância? Essas
possibilidades são revolucionárias, mas estão muito dentro da caixinha ainda,
porque não aprendi a usar a minha imaginação...
E se não
houvesse nem família nem Estado, nem nação, apenas comunidades? E se cada ser
humano que nascesse fosse responsabilidade da comunidade? E se cada idoso fosse
cuidado pela comunidade? E se não existisse mais dinheiro e as pessoas e as
comunidades trocassem serviços e produtos? Mas essas possibilidades ainda
continuam dentro da caixinha… Quais ideias poderíamos pegar da época anterior
ao capitalismo? Como poderíamos construir um novo mundo com base
na solidariedade e reciprocidade? Precisamos aprender uns com os outros (com as
diferentes culturas) e usar a nossa imaginação e criatividade, para ir
construindo essas alternativas.
Precisamos
mesmo aprender a usar a nossa imaginação e criatividade, mas de nada adiantará
se não aprendermos também a ser éticos.
Jun 2020.