quarta-feira, 13 de junho de 2012

Bukowskiando



Jesús homem-mosca

Tudo depende qual lente
queremos usar
Sempre limitada
E turva
E sua...
Mas podemos trocar
Sempre escolher
os olhos com que vamos ver

E, então, por que
os morcegos voam
no ar dos beija-flores
que não atraem os pássaros
que não encontram seus ninhos
e na calorosa multidão
andamos todos sozinhos?

O pudim na boca
amarga e espeta
A noite rouba
o céu do dia
A calma inquieta
O afago arde
E o riso não contagia

A lágrima pesa
o universo
o infinito
O espelho tão feio
está sempre quebrado
Chinelo virado
O gole,
precipitado

Porque a sorte
é sempre do outro
que calçado caminha ao brinde da vida
Enquanto Eu?
Caminho à merda
Quando as moscas virão me salvar

E então tomo um banho gelado
Mais uns tragos de alegrias
Busco um sofá
pra encostar
E, enfim,
no fundo
percebo o messias


Abr/ 09