quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Sobre filmes e mães

      
Geralmente, quando estou com a Nina, minha filha, não consigo ver filmes (a não ser os de criança). Aí, quando estou sem ela, tento tirar o atraso. Tentamos, eu e Nollan. Principalmente quando queremos procrastinar. E, nesse feriado, em que estive presa em casa com COVID e tendo que arrumar o quartinho da bagunça, assistimos a três filmes! E, por coincidência (ou não), os três eram sobre parentalidade, enfocando na relação mãe-filho.

O primeiro filme foi "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo", seguido de "Pequena mamãe" e "Sempre em frente", tendo sido este último o nosso preferido. Nos três, o foco está na relação mãe e filho, em uma mãe distante, ferida pela distância e carência na sua experiência como filha, que tenta seguir em frente e cuidar como pode, reproduzindo, em certa medida, essa distância inicial. Ao longo dos filmes, as mães se afastam, buscando alguma cura, enquanto os filhos, na dolorosa falta e busca pelas mães, tentam também encontrar o seu próprio caminho, a superação e o crescimento, através da sua relação com o mundo e outras pessoas. Ao longo dos filmes, cada indivíduo se transforma e a relação entre mãe e filha (o) também, bem como entre outros familiares, como o avô e o marido/pai de "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo" e as avós recentemente falecidas nos outros dois filmes.

Apesar das suas diferenças, só consigo pensar agora nas suas familiaridades. Quem é essa mãe? Uma mãe sobrecarregada, que é também uma filha, uma mulher, para além da maternidade, mas que, embora esteja perdida, cansada, alienada de si, precisa continuar cuidando. Mesmo sem saber como fazê-lo, apenas continua fazendo.  Até que chega uma hora em que precisa se distanciar do filho. E as três mães dos filmes (assim como no filme "A filha perdida"), no final das contas, acabam retornando.

Parece até que escolhi os filmes pela temática. Mas nem fui eu que escolhi! Nenhum deles (nem "A filha perdida")! Apenas topei assistir com o Nollan, sem nem saber direito sobre o que se tratavam. E achei interessante a coincidência, não só em relação ao tema dos filmes, como também pelo fato de estar afastada da Nina nesses dias e por toda a identificação que rolou. Tanto a digerir, que somente escrevendo e escrevendo mais para poder amarrar melhor e a curar mais também. Terá, no entanto, que ficar para outro momento. Agora preciso dormir, para amanhã voltar ao quartinho da bagunça e preparar o retorno da Nina.



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